Estudantes do Centro Territorial de Educação Profissional (CETEP) de Araci, na região sisaleira da Bahia, estão transformando a forma como a saúde feminina é abordada ao desenvolverem absorventes biodegradáveis feitos a partir de folhas de amoreira. A iniciativa surgiu a partir do projeto Dignidade Menstrual, que identificou a necessidade de alternativas mais acessíveis e sustentáveis para as mulheres da comunidade, aliada à preocupação com o impacto ambiental dos absorventes convencionais. As jovens inovadoras pesquisaram profundamente sobre opções naturais e descobriram as propriedades benéficas da amoreira para a saúde feminina. Entre os benefícios da planta estão o alívio das cólicas menstruais, a regulação hormonal e até o aumento da libido. Inspiradas por essas descobertas, decidiram criar um produto que combinasse sustentabilidade com benefícios à saúde. A professora Pachiele Cabral, orientadora do projeto, destacou, em entrevista ao Portal Voz do Campo, o impacto positivo de projetos assim no desenvolvimento dos alunos. “É fundamental que os estudantes identifiquem problemas reais na sociedade e busquem soluções criativas. Essa experiência de aplicar o conhecimento na prática fortalece o pensamento crítico e a capacidade de resolver problemas”, afirmou a docente. A proposta dos absorventes à base de amoreira também é uma resposta direta à pobreza menstrual, um problema que atinge inúmeras mulheres e que pode afastá-las de atividades sociais e educacionais por falta de acesso a produtos de higiene. A solução sustentável criada pelas alunas não só representa uma opção mais econômica, mas também uma alternativa para mulheres que sofrem de alergias a absorventes convencionais. Os produtos tradicionais, muitas vezes compostos por materiais sintéticos e químicos, podem causar irritações. Por serem naturais, os absorventes biodegradáveis de amoreira têm menos risco de desencadear reações alérgicas.
Um futuro promissor
Embora o projeto ainda esteja em fase de testes de qualidade, tanto as estudantes quanto a professora estão otimistas em relação ao impacto que o produto pode ter. A expectativa é que os absorventes cheguem ao mercado em breve, oferecendo uma alternativa mais saudável e ambientalmente consciente para as mulheres.
Para as alunas Jaqueline e Maria Isabela, a experiência de participar do projeto foi enriquecedora e transformadora. “É muito gratificante saber que estamos contribuindo para melhorar a vida de outras mulheres”, disse Jaqueline em entrevista ao Portal Voz do Campo. Já Maria Isabela complementou: “Foi um aprendizado imenso, e estamos ansiosas para ver os resultados do nosso trabalho.” O projeto de absorventes biodegradáveis das alunas do CETEP de Araci é um exemplo claro de como a educação pode ser um poderoso agente de transformação social. Ao promover a criatividade, a inovação e o senso de responsabilidade com a comunidade, a escola contribui para a formação de cidadãos mais conscientes e engajados na construção de um futuro mais sustentável e inclusivo.
Participação em evento de ciência e tecnologia
Na próxima sexta-feira, 18 de outubro de 2024, o projeto dos absorventes biodegradáveis será um dos destaques da 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que será realizada no Museu de Arte Contemporânea. O evento contará com a presença do governador Jerônimo Rodrigues e da Ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos. Apenas 10 projetos foram escolhidos para serem apresentados, e o projeto das alunas de Araci foi um dos selecionados, reforçando seu potencial e inovação.
