Ladrões que haviam roubado um carro devolveram o veículo depois de encontrarem a cadeira adaptada de uma criança com deficiência dentro do automóvel. O carro foi roubado no domingo (28) em Cariacica, no Espírito Santo, e encontrado na terça (30). Dentro do veículo, os criminosos deixaram um bilhete, com o seguinte texto: “O crime pede perdão. Na hora da tensão, não deu pra ver o problema da criança. O carro está sendo devolvido. Tanque cheio!!!”. A cadeirinha é usada por Cauã Cordeiro, de quatro anos, que teve sequelas motoras devido a uma encefalite. Ela custa cerca de R$ 17 mil e foi doada à família. A mãe do menino, Rosyneide Almeida Cordeiro, contou que foi abordada pelos criminosos quando chegava em casa com Cauã e com a outra filha, de 9 anos de idade. “Eu estava entrando na garagem, parei o carro e abri o portão. Quando voltei pra guardar o carro, ele [o assaltante] falou pra eu descer porque queria o carro. Falei que as crianças estavam dentro. Ele disse: ‘sai que eu dou um jeito de deixar as crianças’. Eu abri a porta e puxei, tirei os dois. Fiquei desesperada. Hoje de manhã, uma amiga me ligou dizendo que uma amiga deles havia encontrado o carro. Realmente estava lá. Depois, a Polícia chegou para ver se tinha algo ilícito no veículo, e eles encontraram um bilhete. O bilhete pedia desculpas. Eu perdoo. Eu perdoo, porque eu precisava demais dessa cadeirinha, eu preciso demais desse carro. Só a cadeirinha especial custa mais de R$ 17 mil”, disse a mãe.
“Fiquei desacreditada do ser humano no momento em que aconteceu, pois ouvimos falar muito de assalto, de crime, de tudo de ruim que a bandidagem faz, mas não acreditamos que vamos, um dia, passar por isso. Eu fiquei muito abalada e muito desacreditada do ser humano. Quando peguei esse bilhete, eu fiquei até feliz de saber que eles têm compaixão pela dor do outro”, declarou Rosyneide. A família já recuperou o carro. Mas, ao contrário do que diz o bilhete, o tanque não estava cheio. “Quando levaram, ele estava com um quarto de tanque. Encontramos na reserva. Não deixaram, pelo contrário, gastaram”, riu a mãe das crianças. Em nota, A Polícia Civil disse que o caso segue sob investigação da Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV). Até a última atualização desta reportagem, nenhum suspeito foi detido.