O desmatamento mensal na Amazônia voltou a ter um acentuado aumento. Em novembro, a destruição do bioma medida pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) foi 104% maior em relação ao mesmo mês do ano passado. Até o momento em 2019 houve um aumento de 84% no desmate em comparação com o período de janeiro a novembro de 2018. Os dados são do Deter (Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real), do Inpe. O sistema visa auxiliar as ações do Ibama de combate à destruição da floresta. Mesmo não servindo especificamente para medir o desmate, o sistema pode ser usado para apontar tendências de retração ou expansão da derrubada de mata. O Deter, desde o fim do ano passado, já vinha apontando um crescimento acentuado no desmatamento. Alertado sobre os dados, o governo Jair Bolsonaro os questionou. O caso culminou na demissão do então diretor do Inpe, Ricardo Galvão -eleito, nesta sexta (13), como um dos dez cientistas do ano pelo prestigiosa revista Nature. A tendência de alta de desmate apontada pelo Deter se confirmou. No início de novembro, os dados anuais de destruição da Amazônia medidos pelo Prodes (esse, sim, um sistema destinado a essa medição) mostraram aumento de 29,5% em relação ao ano anterior. Considera-se para comparação o período que vai de agosto de um ano até julho do ano seguinte. O crescimento percentual apontado pelo Prodes é o maior desde 1998, e a taxa de desmate bateu o recorde da última década. O Deter tem mostrado acentuados aumentos de desmatamento na Amazônia desde junho, mês no qual houve crescimento de 90%. Em julho, agosto e setembro, os números foram ainda mais preocupantes, com aumentos, respectivamente, de 278%, 222% e 96% (sempre em comparação com o mês correspondente em 2018). Outubro foi o único mês recente a apresentar crescimento de desmate mais modesto, de 5%. Mesmo com as altas constantes, Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, ainda não apresentou planos para reverter a situação. Em entrevista recente ao jornal Folha de S.Paulo e ao portal de notícias UOL, se limitou a dizer que, se o aumento do desmate no próximo ano for menor do que 29,5%, “será uma conquista”. “É necessário ter uma estratégia que perdure, que faça com que o desmatamento ilegal diminua ano a ano”, disse na entrevista, sem entrar em maiores detalhes. Enquanto isso, o ministro também mantém o discurso de que o Brasil ainda é um exemplo de conservação e de que os países ricos devem pagar pela proteção à natureza feita no país. Recentemente, após se reunir com infratores ambientais -entre eles, o autor de uma ameaça de morte contra um servidor do ICMBio-, o ministro suspendeu a fiscalização na reserva Chico Mendes.