
O Ministério da Cidadania priorizou as regiões Sul e Sudeste na concessões do Bolsa Família durante o mês de janeiro de 2020, em detrimento do Nordeste. Ao todo, 100.000 famílias foram contempladas no programa nesse período. A divisão ficou da seguinte forma:
Região mais pobre do país e que deu as menores proporções de votos ao presidente Jair Bolsonaro, atualmente, o Nordeste conta com 939,6 mil famílias em situação de extrema pobreza (renda familiar per capita abaixo dos R$ 89 mensais), mas sem acesso ao Bolsa Família. Em todo o Brasil, são 2,39 milhões de famílias nessa situação. A informação foi publicada na manhã desta 5ª feira (5.mar.2020) pelo jornal O Estado de S. Paulo. O site Poder360 obteve os dados por meio do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que reclamou da falta de equidade do programa.
Por exemplo: o número de novos benefícios concedidos em Santa Catarina foi o dobro do repassado a toda a região nordestina: 6.857. O governador do Estado é Carlos Moisés (PSL), aliado de Bolsonaro. “Como relator do Bolsa Família, não concordo com o descalabro do programa. A inversão que passa a privilegiar o Sul, em detrimento de quem mais precisa, o Nordeste, deve ser corrigida pelo Congresso. Isso é nosso papel”, escreveu Renan em seu perfil no Twitter.
Os 9 Estados do Nordeste são governados por políticos da oposição a Bolsonaro. Na região, Bolsonaro conseguiu 30,3% dos votos durante as eleições presidenciais, contra 69,7% do petista Fernando Haddad. O atual presidente foi o vencedor nas demais regiões. No Sul, conseguiu a maior vantagem contra Haddad: 68,3% ante 31,7%.
O Ministério da Cidadania, responsável pela gestão do programa, rebateu as críticas. Afirmou, em nota, que o processo de concessão de benefícios é “impessoal”.
“As especulações sobre o Programa Bolsa Família privilegiar as regiões Sul e Sudeste em detrimento da região Nordeste não tem sustentação na realidade e são mais uma tentativa de dividir os brasileiros. No mês de fevereiro, 6,7 milhões de famílias nordestinas foram beneficiadas com recursos do programa, de um total de 13,2 milhões.”